Nas últimas semanas, autoridades iranianas ampliaram a proibição de passeios com cachorros em vias públicas, medida que já atinge pelo menos 20 cidades. A justificativa seria que a prática não só causa riscos à saúde pública, como também é danosa à segurança da população.
Implicações
Caso os civis não respeitem as normas implementadas pelas autoridades, "medidas legais" podem ser tomadas. Em Ilam, por exemplo, isso passou a valer no último domingo (7). Isfahan e Kerman também são favoráveis às proibições, de acordo a agência AFP.
Em Teerã, a restrição vigora desde 2019. Contudo, a fiscalização vinha sendo branda, conforme revelou o The New York Times . Além do passeio em ruas, os tutores estão proibidos de transportar os pets em veículos. "Passear com cães é um claro crime", declarou o procurador Mohammad Doroudi, de Mashhad, à agência estatal Irna.
Segundo a "BBC", cães já chegaram a ser "confiscados" e tutores foram "detidos" por conta de passeios em vias públicas. Dessa forma, donos de pets têm optado por circular com os animais durante a noite, em locais isolados, já que, assim, os riscos de serem identificados são menores.
Vale lembrar que ainda há iranianos passeando com os pets. Isso porque não há uma legislação que proíba a posse desses animais. Contudo, promotores locais têm emitido decretos que podem ser aplicados pela polícia para impedir a movimentação dos animais, conforme a rede britânica.
Iranianos podem ter cachorros?
Embora exista um grande movimento de repressão em relação a estes pets, eles não são proibidos no país. No entanto, os animais precisam ter alguma "utilidade", como os cães de pastoreio, de guarda ou de caça.
Isso porque ter um canino de estimação é apontado como um "problema social destrutivo" por parlamentares. Há quem compare ter um cachorro como uma forma de resistência — tão simbólica quanto desobedecer ao uso obrigatório do hijab, por exemplo.
Por que os cães são considerados "impuros"?
A hostilidade aos cães tem raízes religiosas e culturais, conforme informações do "Times". Além disso, para o governo iraniano, ter um pet, principalmente um cachorro, é frequentemente visto como um reflexo da influência ocidental — algo malvisto pela atual gestão política.
Para muitos líderes religiosos, os cães são considerados "impuros". O próprio aiatolá Ali Khamenei, líder supremo do país, já emitiu uma fátua explicando que a saliva ou pelos do animal podem tornar pessoas, roupas ou objetos ritualmente impuros. Segundo ele, até mesmo uma oração é prejudicada se houver pelos de cão por perto.
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