Cientistas alertaram nesta sexta-feira (4) que a Antártida está passando por um processo acelerado de "verdejamento". Dados inéditos de satélites da Nasa indicam que, especialmente na Península Antártica , a vegetação cresceu significativamente nas últimas décadas. Entre 1986 e 2021, a cobertura vegetal aumentou de uma 0,863 km² para 11,947 km².
A pesquisa foi feita pelas universidades de Exeter, Hertfordshire e pelo British Antarctic Survey , e foi publicada na revista Nature Geoscience . O estudo utilizou imagens de satélites da Nasa captadas ao longo de 35 anos.
De acordo com os pesquisadores, o aumento da vegetação está ligado ao aquecimento acelerado na região. Cientistas apontam que as temperaturas na península subiram a uma taxa de 0,34°C por década desde os anos 1950, bem acima da média global. "As consequências são visíveis na expansão rápida e contínua de vegetação em áreas anteriormente cobertas por gelo", afirmou a equipe por trás do estudo.
Aquecimento acelerado
De 2016 a 2021, a taxa de expansão da vegetação alcançou 0,424 km² por ano, superando a média histórica de 0,317 km² anuais. O estudo encontrou uma tendência de "reverdecimento", com o maior aumento observado nas áreas de musgo da costa oeste da península.
A expansão da vegetação na região representa uma mudança "sem precedentes" em um dos ecossistemas mais isolados do planeta. Para os pesquisadores, a alteração ameaça reorganizar espécies e comunidades locais “de forma irreversível". Essa transformação ameaça a sobrevivência de espécies endêmicas adaptadas a condições extremas, agora em competição com espécies invasoras trazidas pelo turismo e por pesquisas científicas.
Alteração no ecossistema
Os musgos dominam a cobertura vegetal na região, e sua expansão acelera a formação de solos, criando novas condições para plantas potencialmente invasoras, explica o estudo. Mudanças no ciclo de nutrientes e nas interações entre os seres vivos também podem desestabilizar o equilíbrio natural.
O aumento da vegetação na Antártida também contribui para o aquecimento global: a cobertura de gelo tem a capacidade de refletir a radiação solar e, sem ela, o calor é absorvido pela Terra.
Preocupações para o futuro
Os pesquisadores alertam que, caso as temperaturas continuem a subir no ritmo atual, a Península Antártica poderá sofrer mudanças irreversíveis. A transformação verde do continente gelado, apesar de parecer positiva em um primeiro olhar, representa um alerta crítico.
"Os resultados indicam que o 'reverdecimento' da Península Antártica não é apenas uma curiosidade científica, mas um sintoma claro de mudanças climáticas profundas que requerem monitoramento contínuo e ações globais urgentes", concluíram os pesquisadores.
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